Cerimônia de premiação foi realizada ontem no Museu de Arte Contemporânea da USP (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)
Projetos tratam de sustentabilidade, cidadania, autismo, tecnologia, alimentação, limpeza urbana e saúde. Cerimônia também marcou o lançamento da plataforma digital co.educa, que disponibiliza material para uso em sala de aula e para a formação continuada de professores
Projetos tratam de sustentabilidade, cidadania, autismo, tecnologia, alimentação, limpeza urbana e saúde. Cerimônia também marcou o lançamento da plataforma digital co.educa, que disponibiliza material para uso em sala de aula e para a formação continuada de professores
Cerimônia de premiação foi realizada ontem no Museu de Arte Contemporânea da USP (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)
Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – Alunos de ensino médio da Escola Estadual Ângelo Scarabucci, em Franca (SP), desenvolveram um dispositivo eletrônico que controla o nível de ruído em sala de aula, um dos principais fatores para a dificuldade da concentração em sala de aula, sobretudo para os alunos autistas. O equipamento é colocado acima do quadro negro e acionado quando o volume do ambiente alcança 85 decibéis. Além da confecção do dispositivo, o projeto incluiu dinâmicas de interação social entre os alunos, estimulando que observassem os problemas em sala de aula e se prontificassem a modificá-los.
“A gente nunca teve tanta visibilidade como com esse projeto. Isso foi graças à capacidade de empatia, de olhar o outro e também graças à ciência, que foi fundamental para que desenvolvêssemos esse dispositivo”, disse Michele Meletti de Santana Aimoli, professora da Escola Estadual Ângelo Scarabucci, uma das cinco vencedoras da segunda edição do Prêmio Ciência Para Todos, uma parceria entre a FAPESP e a Fundação Roberto Marinho.
Outro projeto vencedor uniu a matemática e a sustentabilidade para a construção de uma horta comunitária na Escola Estadual de tempo integral Mitiharu Tanaka, em Várzea Paulista (SP). “Os alunos tiveram autonomia para apresentar suas ideias e avaliar os prós e contras de cada projeto até chegarem à proposta de construção da horta. Esse projeto mostra que a matemática é fundamental na aplicação de questões cotidianas, como calcular o perímetro de uma horta e seus custos. A ciência abre possibilidades, não é um caminho de mão única. A horta se confirmou viável economicamente, promoveu a integração entre os estudantes e foi uma transformação na escola”, disse Kethlyn Belmonte, professora da Mitiharu Tanaka.
Um terceiro projeto envolveu a cartografia social para o mapeamento e a detecção de problemas relacionados com resíduos sólidos nas proximidades da escola. A Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Thereza Maciel de Paula, localizada no bairro Jardim Santo André, na periferia da capital paulista, está rodeada de caçambas sempre cheias, onde o serviço público de coleta nem sempre chega.
“Muitos alunos não tinham conhecimento sobre o que é resíduo sólido e esse projeto foi importante para estimulá-los a serem cientistas. Tirar essa visão de que a ciência só é feita em laboratório”, disse Eloiza Antonia Araujo Linhares, professora que liderou o projeto de reciclagem, coleta seletiva, aproveitamento dos resíduos em composteiras e mini-hortas.
Os outros dois projetos vencedores envolviam questões relacionadas a zoonoses e alimentação. A premiação foi criada com o objetivo de incentivar o desenvolvimento de atividades científicas em escolas públicas do Estado de São Paulo e promover o engajamento de estudantes com a ciência e suas aplicações na vida cotidiana na comunidade escolar. Nesta segunda edição, foram aceitos projetos de pesquisa em todas as áreas do conhecimento que utilizassem métodos da ciência para propor soluções de problemas concretos relacionados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas na Agenda 2030.
Outros quesitos necessários aos projetos eram: protagonismo dos estudantes na execução do projeto, intervenção na comunidade, originalidade, criatividade e seguir a metodologia científica. Os trabalhos inscritos precisavam identificar um problema concreto na comunidade, formular hipóteses, revisar a literatura e apresentar propostas de intervenção, antes de apresentar soluções, informar seus resultados e conclusões em formato de vídeo.
“Estamos muito satisfeitos com o Ciência Para Todos. Essa premiação dá a oportunidade aos estudantes de manifestar sua curiosidade, a partir de elementos da ciência e tecnologia, para a solução de problemas os mais variados possíveis. Trata-se, portanto, de uma parceria entre a FAPESP e a Fundação Roberto Marinho que tem o objetivo de criar cidadãos, pessoas capazes de resolver com ciência e tecnologia os seus problemas, pois ninguém vai resolver nada para nós”, afirmou Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, durante a cerimônia de premiação realizada ontem (27/11) no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP).
Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)
Professores e alunos das cinco escolas vencedoras são premiados com visitas a centros de pesquisa apoiados pela FAPESP, onde têm a oportunidade de conhecer o trabalho dos pesquisadores e de apresentar-lhes os resultados da pesquisa. A Escola Estadual Ângelo Scarabucci, em Franca, conheceu o Centro de Terapia Celular (CTC), no campus de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP); a Escola Estadual Mitiharu Tanaka, em Várzea Paulista, visitou o Centro de Pesquisa em Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas (GCCRC), na Univesidade Estadual de Campinas (Unicamp), e os alunos e professores da Escola Municipal Thereza Maciel de Paula, no bairro Jardim Santo André, em São Paulo, foram recebidos pelos pesquisadores do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), na Escola Politécnica da USP.
Nesta semana, será a vez dos alunos e professores da Escola Estadual de Ensino Médio Professor Arlindo Silvestre, de Limeira, visitarem o Centro de Pesquisa Avançada de São Paulo para Controle Biológico (SPARCbio), sediado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz (Esalq-USP), em Piracicaba, e da equipe vencedora da Escola Estadual Professora Neusa Maria do Bem, de Serrana, conhecer as pesquisas realizadas na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária de Jaboticabal, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Os premiados estiveram reunidos ontem em cerimônia no MAC-USP (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)
Google da educação
O evento também marcou o lançamento da plataforma digital co.educa, outra parceria entre FAPESP e Fundação Roberto Marinho. A plataforma de acesso gratuito reúne conteúdo multimídia, produzido pelo Canal Futura, pela FAPESP e por outros parceiros, para ser usado em sala de aula e também para a formação continuada dos professores.
“A tão sonhada plataforma digital de apoio ao trabalho dos professores e à formação continuada dos profissionais de educação está lançada. Esse espaço parte do legado da FAPESP e da Fundação Roberto Marinho na produção de conteúdo e divulgação científica. A plataforma vai ajudar a formar uma comunidade mais potente e prática entre os professores e contribuir com a qualidade da experiência de educação que temos hoje. Lá vamos encontrar cursos de formação e atividades de aula no formato de podcasts, textos e vídeos”, disse João Alegria, secretário-geral da Fundação Roberto Marinho.
João Alegria, secretário-geral da Fundação Roberto Marinho (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)
A plataforma é organizada a partir de competências e habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Oferece acervo audiovisual, cadernos de metodologia, cursos, trilhas do conhecimento, podcasts, guias pedagógicos e publicações com sugestões de atividades pedagógicas que podem ser apropriadas pelos professores para preparar e conduzir suas aulas. A midiateca apresenta núcleos temáticos com acervos organizados por equipes especializadas do Canal Futura e está em constante atualização para catalogar os conteúdos e disponibilizar em coleções temáticas que vão facilitar o uso dos educadores. Também oferece aos educadores um ambiente que permite salvar e criar suas próprias coleções.
“A plataforma digital co.educa será um grande serviço aos professores da escola secundária. Vai ser o Google da educação para a escola secundária. Ela vai guiar os professores nesse labirinto do conhecimento”, disse o presidente da FAPESP.
Deca Farroco, gerente de Produção na Fundação Roberta Marinho (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)
Série Ciência Para Todos
Também ontem foi lançada a segunda temporada da série “Ciência Para Todos”, a ser exibida no Canal Futura semanalmente, às 20h30. Com 13 episódios de 15 minutos cada, o programa traz entrevistas com pesquisadores e com os beneficiários das pesquisas científicas e tecnológicas apresentadas, todas apoiadas pela FAPESP (leia mais em: agencia.fapesp.br/50285).
Entre os temas desta nova temporada do “Ciência Para Todos”, estão a busca por uma vacina para a COVID-19, um novo tratamento de combate ao câncer, o impacto da inteligência artificial no cotidiano das pessoas, transplantes de órgãos entre diferentes espécies, estudos sobre os povos originários da Amazônia e as oportunidades oferecidas pelo avanço da física quântica.
“Acreditamos e confiamos que apenas com a ciência a gente consegue desenvolver o Estado de São Paulo. O grande desafio é estimular os jovens a estudar. Não tornar o estudo uma obrigação, mas algo interessante e que motive”, disse Vahan Agopyan, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo.
Vahan Agopyan, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)
Vencedores do Ciência Para Todos 2023
• Mapeamento e detecção da existência de resíduos sólidos na proximidade da escola: Tipologias de áreas mais impactadas e os potenciais malefícios à saúde pública e ao meio ambiente (Escola Municipal de Ensino Fundamental Thereza Maciel de Paula, São Paulo – SP)
• Cultivando amor e esperança (Escola Estadual Mitiharu Tanaka, Várzea Paulista – SP)
• Ué, cadê a terra? Uma alternativa sustentável para a melhoria da alimentação e o meio ambiente (Escola Estadual Professora Neusa Maria do Bem, Serrana – SP)
• Projeto Zoonoses: A educação na promoção da saúde (Escola Professor Arlindo Silvestre, Limeira – SP)
• Pontes de inclusão: o caminho da educação para todos (Escola Estadual Ângelo Scarabucci, Franca – SP)
A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.